Em menos de um ano, os 11,4 milhões de habitantes de São Paulo testemunharam situações extremas. Durante os primeiros meses deste ano, chuvas intensas resultaram em enchentes e quedas de árvores, deixando bairros às escuras por vários dias. Recentemente, a longa estiagem, combinada com a fumaça de incêndios e a poluição, resultou em São Paulo tendo a pior qualidade do ar do mundo, influenciando até a coloração verde das águas do Rio Pinheiros. Esses eventos destacaram, mais uma vez, os efeitos prejudiciais da crise climática e a fragilidade das administrações públicas no enfrentamento desses desafios.
Os seis principais candidatos à prefeitura de São Paulo reconhecem a gravidade da situação, porém suas abordagens variam. Algumas propostas ambientais são superficiais e não estão integradas a outras áreas, como infraestrutura e saúde. Outros candidatos estabelecem metas, mas falham em detalhar a implementação.
Os planos de governo de Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (Psol), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB), Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo) abordam algumas ações recomendadas por pesquisadores e organizações ambientais. Em comum, eles buscam aumentar as áreas verdes, priorizando regiões com deficiência de vegetação.
Nenhum dos candidatos pretende expandir o rodízio de carros ou implementar um pedágio urbano para restringir a circulação de veículos. Com abordagens distintas, Nunes, Boulos, Marçal e Tabata propõem ações em parceria com o governo estadual para proteger os mananciais e evitar ocupações irregulares nessas áreas.
Embora a gestão ambiental seja principalmente responsabilidade do governo federal e estadual, as prefeituras podem adotar ações de baixo custo para melhorar a qualidade de vida. Igor Pantoja, Coordenador de Relações Institucionais do Instituto Cidades Sustentáveis, destaca a importância do aumento de áreas verdes, arborização, reutilização de água em prédios públicos, drenagem, energia solar e educação ambiental.
Pantoja também ressalta a necessidade de medidas interdisciplinares, como redução das emissões de gases poluentes e políticas de mobilidade urbana. Em São Paulo, apenas 4% do lixo recolhido é selecionado e apenas 2% é reciclado, em comparação com os 47% reciclados na Cidade do México, com características semelhantes. Quatro candidatos mencionam investimentos em reciclagem, enquanto Boulos se compromete a universalizar a coleta seletiva.
A substituição da frota de ônibus por modelos elétricos ou híbridos é uma medida municipal importante. No entanto, desafios como infraestrutura de recarga de baterias e distribuição de energia elétrica dificultam a eletrificação da frota de ônibus. Algumas propostas incluem ampliar corredores de ônibus, ciclovias e veículos leve sobre trilhos.
Em conclusão, os planos dos candidatos refletem avanços em relação às eleições anteriores, porém ainda há espaço para melhorias. A discussão ambiental deve permanecer no foco político para garantir ações eficazes e duradouras. A urgência em lidar com a crise climática exige medidas concretas e abordagens inovadoras para garantir um futuro sustentável para São Paulo.